quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Pequeno Conto de Ano Novo... (nova versão)

 

Pequeno Conto de Ano Novo

Marco Mello

 

Ele corria contra o tempo

Era só mais um meio à multidão, em meio aos contratempos.

Sons de buzinas, gritos de alegria e novas esperanças invadiam seus ouvidos.

E em seu rosto um preocupante sorriso, aliviava a sua pressa num momento.

Pelas ruas que passava, avistava tantos rostos mascarados e na memória os rostos das pessoas amadas, aumentavam a vontade de chegar

O trânsito caótico aumentava e cada vez mais, carros e gente passavam a sua frente.

Preciso chegar a tempo pensava.

O ônibus trazia cheiros, sorrisos, misto de amargura, alegria e ansiedade.

Pela janela os vultos da cidade e nela, pessoas de todas as idades, confundiam-se com faces conhecidas aguardadas e amadas.

Por um instante pensou em sair acenando pra todos os que passavam, como a matar a vontade de abraçar as pessoas de perto e de longe e as que seguiam pela mesma viagem.

O clima era de festa... luzes natalinas iluminavam as ruas e o céu em pequenos espaços.

E o tempo passava... Voava!!!... 

E o relógio marcava mais horas do que precisava

O ônibus para no terminal... e as pessoas caminham como que levados uns pelos outros.

Escada rolante... Corredores... Barulhos de trens.

Afinal chega o metrô.

Mais gente, menos espaço... Espremido em seu banco, divide os sonhos com as imagens dos corpos e silhuetas.

Alguns indo, outros chegando... Voltando... E se despedindo.

Um Senhor que lhe chama atenção, entra pela porta meio perdido, como se fosse sua última viagem... Idade avançada, pernas cansadas.

Sua velhice... Tem rugas, mas na face um sorriso de missão cumprida.

E como se fosse um velho conhecido... Ele o olha, abana a cabeça com um olhar de cumprimento e um boa noite sai pela sua garganta como se só os dois existissem em meio a tanto movimento...

Oferece seu lugar: - Sente-se aqui meu Senhor

E aí os olhos agradecidos do Velho Senhor o fazem esquecer-se do relógio e das horas que se vão rápido

-Obrigado filho... Estou mesmo cansado... O ano foi de muitas preocupações e ocupações... quem diria que precisarámos deixar de nos abraçar por amor ao próximo... Mas enfim... Graças ao bom Deus muitas etapas foram vencidas... e agora estou de partida.

-Vais pra longe, meu bom Senhor? Pergunta...

E ele diz:- Nem tanto... Na minha idade nem dá pra ir muito... E sorrindo continua:- Afinal a estrada está acabando, mas ainda há tempo de ver uma criança nascer e com ela um novo porvir. 

E o seu sorriso se ilumina como o melhor dos sorrisos.

Entusiasmado, acompanha o seu sorriso e diz:- Me atrasei, mas também não vejo hora de encontrar meus filhos e família:

- O senhor também vai encontrar os seus familiares? Pergunta.

E o Senhor responde enigmático:- Eu percorri por todos os dias desse ano esperando esse momento... Essa nova vida que nasce hoje pra mim representa a continuação do meu trabalho...

O trem começa a frear... É sua vez de descer... Diz ao senhor:- Mais dez minutos e já estou em casa.

O velho homem se levanta lhe agradece o lugar e ele, num ímpeto, o abraça e diz:- Feliz Ano Novo... E aquele Senhor lhe diz... com uma ternura única:- Adeus ao Velho...

Tempo de descer rapidamente... O vê em um último olhar na janela do metrô... E um aceno corresponde ao seu por um breve instante...

O celular toca: - Meu bem onde você está? Quase meia noite... Todo mundo está impaciente perguntando por você em casa. - diz a esposa, preocupada.

Avisa que já desceu do metro e está quase chegando...

Caminha mais rápido... Entre as ruas já meio que desertas, mas cheias de sons das músicas, de acenos nas janelas e papéis picados que caem dos prédios...

Entra em casa, em meio a abraços de bom ano... E o sino toca doze badaladas...

Recebe uma taça no estourar da bebida frisante e abraçado à sua mulher, a doce figura do velho homem lhe vem à cabeça como que acenando e sorrindo com um bebê no colo...

Sorri também e ela lhe diz:- Ainda bem que chegou a tempo... Por que demorou tanto?

E ele lhe responde:- Eu estava dando adeus ao Ano Velho...

E a volta dos seus ergue sua taça e brinda imaginariamente ao velho sorrindo e acenando um adeus e saúda a todos

UM FELIZ ANO NOVO


Como uma Estrela...

 





Como Uma estrela

Marco Mello

Mudei meus planos
Juntei os pedaços
Colhi meus sonhos
Ceifei a noite...

Abandonei os enganos
E sem sentir pena
Naveguei os raios do sol
Aqueci meu coração em segredo
Despi-me dos medos...

Viajei as nuvens
E... Por um breve momento
Brilhei... Como uma estrela
Pra enfeitar seu coração...

Tropecei nos meus versos...

 









Tropecei nos meus versos

Marco Mello


Sonhei

Senti

Ri de revirar o estomago

Chorei emoções de chegadas e partidas

Revisei as perdas e os danos

Comemorei os ganhos

Sai a passos largos pra não sei onde

Cheguei a lugares inusitados

Avistei horizontes

Galguei pedras e montes

Ouvi os sons ...

Pulsei o coração ...

E tropecei nos meus versos

Ao ver você chegar...


Sonhos de Morango

 





Sonhos de Morango

Marco Mello


Vivendo a vida... E seus mistérios
Sugerindo versos... Libertando risos
Jogando prosa ou falando sério
Deixo me levar pelos encontros
De pequenos encontros desencontrados
No meu balcão de perdidos e achados
Onde existem rostos imaginados
E doces olhares em sonhos ilustrados

Assim da vida intensos pequenos pedaços
Dividem comigo maravilhosos passos
Em breves momentos inusitados
Como a chuva lavando um lindo corpo molhado

E se o vento sopra o cabelo num encontro esvoaçante
Arremeto-me romântico ao teu abraço dançante
Como a sentir o calor do teu olhar de deixar mudo
Ao sabor do perfume da tua pele de veludo

Ensaio então sem me importar por um instante
Secretos caminhos num passo vibrante
A meia luz... Como a dançar tango
E na tua boca... Sonho um beijo de morango

Falta...

 


 

FALTA...

 

Marco Mello

 

 Sentir e sorrir quando a solidão açoita

Só Deus sabe as dores do coração

Não é nada não,

Dizemos quando os olhos nos traem

Mas aí a vida sabe a dor de um sonho

E caminho entre passos incertos

Passos disfarçados de sorrisos

Porque a dor é tua

Que não cabe nas calçadas ou ruas.

E nas esquinas não há cola que cole

Esse quebra cabeça

Junto as peças, descrevo a paisagem

E ao final não encontro a  peça do último  encaixe

 

 FALTA...

Fica um buraco...

Um vazio...

Olho à volta

Mas não encontro...

Basta sorrir e pensar...  Perdi...

Mas nas entrelinhas me sinto incompleto

Sigo a vida

Quem sabe na próxima esquina

As surpresas dela

Me tragam a peça final...

E sorrio...

Sinto...

E caminho...

Os passos são frios...

Mas o sorriso me aquece.

Assim repouso e adormeço

Recomeço nos sonhos...

E encontro...

E me encontro...

 

 Ou não!?!?


sexta-feira, 1 de outubro de 2021

COMO A LUA...



Como a lua

Marco Mello

As vezes quero dizer... não vá embora

Mas me calo com medo de você ir e não voltar ...

E eu covarde da noite em que sonho tua presença

Sigo em silêncio a tua partida na despedida de um pequeno abraço

Que de tão grande me faz sentir teu corpo, 

Teu cheiro doce... inebriado as voltas com tua beleza ,

As voltas das voltas do teu corpo tão naturalmente insinuante que provoca,

Que me provoca e me faz sonhar pela fumaça do cigarro que deixaste, 

Onde sinto o gosto da sua perfeita boca.

Um ultimo olhar nos seus olhos lindos

Me deixa a esperança de você voltar pra  de novo alegrar minha noite e perfumar a terra tal qual uma manhã  florida de primavera.

E assim você se esvai como a fumaça do cigarro mudando de formas e pintando o doce  delírio de ter- te um dia,

tal qual a tela da tua vida de tanta cores.

Por um doce momento...  na insensata lucidez da distância que nos separa ... 

Como a lua que ilumina a noite

Mesmo tão distante da terra.

sexta-feira, 24 de julho de 2020

E SONHAR...







E Sonhar

Marco Mello

A noite me inspira
E quantas vezes também me pira. 
Hahaha, romântico louco que sou...
Insone das madrugadas amadas
Onde o louco aflora a alma
Do ser ou não ser...
À noite sonhamos acordados
Os sonhos de sermos amados
E nem somos ou somos.

Não somos e se somos
Nem sempre somos como a fantasia nos remete
Eternos criadores da vida perfeita vivemos a procurar dores não aceitas
Do coração... Da emoção

Ou simplesmente a procurar o vão de viajar no buraco da parede
Ou na teia da aranha que desce do teto 

Sem saber se o telhado é reto ou de vidro
Que quebra ao som da chuva e a madrugada desnuda
Viagem de ilusões...

Olhar a luz do quarto acesa 
Tal qual seus olhos iluminam meu dia
Até adormecer...

E sonhar... 






Pequeno Conto de Ano Novo... (nova versão)

  Pequeno Conto de Ano Novo Marco Mello   Ele corria contra o tempo Era só mais um meio à multidão, em meio aos contratempos. Sons...