Vem
pra Rua
Marco Mello
Seus passos eram
firmes e decididos
Na sua mente
fervilhavam ideias e ideais
Saudando as pessoas
que passavam ao seu lado
Ele sentia o pulsar
forte do seu coração
Ao ver o brilho no
olhar de cada rosto
Naquela miscigenação
de raças, cores e credos.
Aos poucos as pessoas
formavam grupos
E dos grupos
aglomeração
O soar das vozes
encantavam os seus ouvidos
Com sons de liberdade
Expressando paz, amor
e dignidade para cada uma delas.
Sua mente via a face
do avô contando em voz altiva
Como fora sua luta em
tempos de juventude aos anos de 1932
E as lágrimas que
encheram seus olhos tinham um gosto misto de orgulho e saudade
E de repente se viu
cantarolando uma musica que ouvia pequenino nos braços dos seus pais
Como se fora hoje
E sua voz em meio a
emoção de sentir-se vivo ...mais vivo e forte que nunca
Bradava os versos de
Vandré em tempos de ditadura
– “caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais
braços dados ou não ... “
E sentiu-se fazendo
história como um dia seu avô e seus pais o fizeram.
O clamor das vozes antepassadas
agora se misturava a multidão
Ergueu os braços e
acenou a bandeira do Brasil que ostentava firme nas mãos
Cantou o hino nacional
embalado por um coral de milhares de brasileiros
Via os cartazes... As
faixas e mais bandeiras iguais a sua
Que inundavam um dos
mais lindos cenários que sua vista já pudera imaginar
Num mar a se perder
no horizonte verde e amarelo
Via se destemido
lutando por seus direitos
Há muito esquecidos
por tantos e tantos governantes
Sabia que se no ardor
dos seus brados
Fosse ferido ou
detido em sua marcha
Nem ia conseguir um
atendimento justo á sua saúde ou sua integridade
Mas caminhava firme
como seus antepassados
Porque sabia o quão
foi dura a luta deles pela sua educação e dignidade
Era sua vez de
cumprir o papel de cidadão brasileiro
e com uma força inimaginável
saiu dos seus pulmões a voz do seu povo
Vem... Vem ... Vem pra rua...
E abrindo os braços
como se fora abraçado ao avô e ao pai
Brindou ao filho que
um dia haveria de nascer livre num país justo e digno
E cantou... como se fora
seu último suspiro
Ó Pátria amada,
Idolatrada
Salve! Salve!
Completando:- Filho
...por você e pelo Brasil
Verás que seu pai não foge à luta...