domingo, 10 de maio de 2020

AS FRÁGEIS ASAS FORTES





As Frágeis Asas Fortes

Marco Mello



E de repente me vi criando vida numa bolsa d'água 

Um mundo novo onde criava corpo e crescia... Mas era tão bom e tão aconchegante que já sentia seu carinho e seu coração batendo por mim... 

Às vezes me mexia naquele espaço tão redondo e que crescia a cada dia e sentia sua mão alisando a barriga dizendo filho a mamãe está aqui. 

Assim fui me sentindo em paz pra encontrar o mundo e conhecer a minha vida ao teu lado mãe; e foi nos teus braços que acalmei o meu primeiro choro... no teu colo e no teu amor... 

Foi nos teus seios o primeiro alimento... que me saciava não só a fome... mas também o amor que me rodeava. 

Os teus braços como asas me envolviam e me acalentavam nas melhores e piores horas... chorasse eu de qualquer dorzinha eles estavam lá me envolvendo e acolhendo. 

Fui crescendo e a cada passo certo ou incerto as tuas asas estavam sempre presentes me amparando a cada queda ou cada perigo aparente... 

Tudo ficava bem no teu colo... 

Lembro quando seus olhos se encheram de lagrimas no primeiro dia de escola e nas lagrimas sua voz firme dizia vai lá filho... a mamãe te espera depois da aula... e claro confiante da tua voz que me guiava fui confiante começar a enfrentar pela primeira vez o mundo sozinho. 

Hoje sei que você chorou depois que me deixou ir... 

Mas ao longe eu sentia suas asas de anjo me amparando e protegendo... 

Fiquei jovem e às vezes olhava como aqueles braços como asas tão frágeis 

podiam atingir o espaço em voos fortes, altos por vez, rasantes por outras... e que brandiam como a espada de um anjo protetor a toda hora, minuto quando chegava em casa... arranhado de um tombo, ou com o coração magoado de qualquer coisa que me afligisse... 

Não tinha noite ou dia que tuas frágeis asas não me amparassem e abraçassem tão forte e cheia de amor. 

Às vezes com dores... outras no delírio da febre alta eu te ouvia chorar em silêncio, mas nunca me deixaste cair... o seu caldinho quente nessas horas era milagroso... e o seu colo então... não tinha coisa melhor. 

Mãe... senti sua preocupação e seu orgulho quando conheci o primeiro amor... tu me olhavas como um misto de alegria e inveja de eu estar começando a sair de casa... 

Mas você sempre esteve lá... sobrevoando pelos meus passos como uma aura de proteção que dizia filho segue teu caminho, minhas asas estão aqui pra te amparar se caíres... foi assim que chorei um dia em teus braços pela minha ingênua primeira desilusão... tu me entendias só de olhar... e tuas frágeis e ternas asas eram tão fortes ao abraçar que não tinha dor que não passasse. 

E assim foi sempre... nos estudos... quando não entendia nada, vinha aquela voz linda e me falava de Deus, da vida... contava histórias e me fazia ver o caminho. 

O brilho dos teus olhos nas formaturas eram os mais luminosos de qualquer espaço ou ambiente... e de braços dados me levavam ao púlpito do saber. 

No primeiro emprego então me conduziram da insegurança à certeza de que eu era capaz... 

E eu venci mãe... por você e pelas tuas asas... 

Constitui família e te dei netos e bisnetos maravilhosos que me orgulham a cada dia porque dei a eles os seus ensinamentos. 

Hoje mãe, enfrentando o mundo e seus percalços, quando chego à beira do caminho incerto... lembro-me das tuas frágeis asas... e salto de cabeça porque elas são fortes os suficientes para me conduzir a novos voos e acreditar que a vida ainda tem teu colo e tuas frágeis asas fortes do melhor anjo chamada 
MÃE.

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